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A mostrar mensagens de junho, 2022

Por-tu-ga-l

Na Torre do Tombo de Portugal, em Lisboa, encontra-se o mais antigo documento até hoje conhecido em que aparece a palavra Portugal: trata-se da Carta de Doação de São Bartolomeu de Campelo, Baião, feita (segundo o próprio texto) pelo "infante" Afonso Henriques (futuro primeiro Rei de Portugal), filho do "conde" Henrique e da "rainha" Teresa, e "neto do imperador de Hispania" Afonso. Assim se apresenta o próprio, neste documento.  É um documento do ano de Cristo 1129 (está reproduzido aqui ). No texto vem referido "portugalensi", mas no sinal (símbolo) de assinatura vem, por entre uma cruz, a palavra Portugal dividida em quatro partes: Por-tu-ga-l. Visto nos dias de hoje, quase parece um cântico guerreiro ou de claque desportiva: Por-tu-ga-l. E os nossos historiadores estão hoje de acordo em distinguir três entidades medievais diferentes sucessivas: o Condado Portucalense (de Vímara Peres), o Condado Portugalense (de Dom Henrique e Dona ...

Honra de Novais

Escapou ao olhar arguto do grande historiador Alexandre Herculano um conceito tradicional de Honra em Portugal mais amplo do que aquele que nos deixou definido na sua monumental HISTORIA DE PORTUGAL,  de 1846 (ao qual aludo aqui: Honra em Portugal ).  Com efeito, num documento publicado muitos anos antes, em 1815, por José Pedro Ribeiro e seus discípulos da Aula de Diplomática da Universidade de Coimbra, no livro MEMORIAS PARA A HISTORIA DAS INQUIRIÇÕES DOS PRIMEIROS REINADOS DE PORTUGAL, lê-se a pgs. 44 (na grafia original), referida à freguesia de Santa Eulália de Gondar, num extremo Norte de Portugal, no Entre-Coura-e-Minho (entre Valença do Minho, Paredes de Coura e Vila Nova de Cerveira): "jurati dixerunt, que ouvirom dizer, que a mea desta davandicta Ecclesia era regaenga, e dous Casaes em Paradela, e quando foi o enserco Dalcazar cativou y Dom Pelagio Novaes, et quando sahio de cativo deu-la EIRey Dom Sancho, cum estes davandictos cassaes, e onrouli a villa de Gondiar, ...

Honra em Portugal

Alexandre Herculano descreveu assim (in Historia de Portugal, 1846, Tomo Segundo, pg. 164) as duas espécies de direitos de propriedade na época da fundação de Portugal: "As terras, senhorios e propriedades possuídas pelos ricos-homens, infanções, e cavaleiros, foram de duas espécies: A primeira era a das terras patrimoniais, transmitidas hereditariamente de pais a filhos desde tempos anteriores à monarquia, ou havidas, quer dos reis, quer de particulares, por diferentes modos, mas passando depois com a natureza de hereditárias para os filhos e netos do primeiro possuidor. Tanto umas como outras, constituíam aquilo a que se chamava honras, cavalarias, e não raro coutos, posto que tal designação se aplicasse mais às terras eclesiásticas. Essas terras ou propriedades tinham privilégios: porém nenhuma das obrigações feudais que eram comuns na Europa. Se o rei precisava dos serviços militares de um nobre, ainda que simples cavaleiro, pagava-lhe, porque entre nós não existiam feudos. A ...

O meu pai morreu

O meu pai morreu. Não foi hoje. Mas é uma memória que perdura.  A minha pátria, não. Perdura em memória. E não morreu. Sou de Portugal honrado. Não é de hoje. Luis Miguel Novais